quarta-feira, 11 de maio de 2016

Deus me acuda

Se o inferno existe ele se chama "primeiros 7 dias com o novo antidepressivo".
Eu não costumo ler bula porque além de tudo sou hipocondríaca, e se eu ler, terei todos os efeitos colaterais possíveis e mais alguns inventados. Sou boa em inventar novos sintomas; se tivesse uma profissão 'inventora de novos sintomas' eu tava é milionária. 
Na verdade eu terceirizo esse serviço de ler bulas pro meu noivo. Ele fica ciente de tudo, e quando eu pergunto: vomitar verde musgo é normal? ele saberá me responder, antes de eu ligar(mais uma vez) pro médico. 
Embora eu não leia a bula, eu capto, por algum grau de mediunidade, o que tá escrito lá e começo a sentir tudo. Quando digo tudo, é tudo mesmo. Por exemplo, ontem achei que tava ficando cega. O noivo mandou mensagem e eu não enxergava as letrinhas, tudo embaçado. Mandei um $&pedmsdneuasbn de resposta e entrei em pânico. O remédio é pra curar o pânico, mas entrei em pânico. Liguei pra ele e disse que tinha ficado cega, liguei pro médico e disse que tinha ficado cega, até um dos dois me responder que o remédio pode dilatar a pupila, que é um dos efeitos colaterais. Isso não diminuiu meu pânico, pelo contrário, porque além do pânico normal, tinha o pânico de nunca mais voltar a enxergar e esse pânico me fez vomitar e eu nem conseguia enxergar se tava verde musgo ou cor de sangue pisado e isso me deixou mais em pânico ainda e uma coisa puxa a outra e eu só queria meu bromazepan pra soltar os músculos da barriga e tentar deitar numa cama que não parecesse uma selva cheia de espinhos e monstros sem coração. 
A vida já foi bem mais fácil pra mim, naquela época em que eu comia omelete assistindo os trapalhões, mas depois que cresci parece que não acompanhei. Ninguém me ensinou que crescer dava medo, e , descobri sozinha aos 25 dentro de um avião rumo a Rússia. De lá pra cá, as coisas só desandaram. Tive sim momentos calmos, meditativos, esportivos, empolgantes, mas eles me somem da memória toda vez que o bicho ataca, e daí meu irmão, desce pra minha mente consciente aquela avalanche de desgraças que foi minha vida e deprimo. Os bons momentos ficam esquecidos em algum canto ali com aquele resto de rivotril que anestesia até as paredes do meu intestino. 
O pânico nasceu da depressão ou a depressão nasceu do pânico? Nunca saberemos, por isso os antidepressivos matam todos os coelhos (e neurônios) numa cajadada. Ou pelo menos tentam. Já to no quinto ou sexto, sei lá,  e continuo tentando achar a salvação em cristo, ou melhor, nos inibidores de recaptação da serotonina. 
Peço todas as noites: se deus existe me mande um sinal em forma de comprimido. Um que funcione, que não tenha side effects, que seja bonzinho com meu corpo, que seja mais bonzinho ainda com minha cabeça, que me faça levantar da cama dançando valsa e sorrindo pro espelho. Ou apenas que me faça levantar da cama já ta bom. 
O médico mandou aguardar mais uns dias, pode ser adaptação. Adaptação pra você conseguir viver no umbral, caso sucumba.
Aguardemos. 

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Eu voltei. Voltei? Acho que voltei.


Prometi a mim mesma que voltaria a escrever e estou me perguntando até agora porque prometi a mim mesma que voltaria a escrever. E não só prometi a mim mesma que voltaria a escrever como prometi a mim mesma que tornaria essa meta pública, já que a minha cobrança para-com-mim-mesma não vale de nada, a cobrança das tias tem que valer. Céus.
Não que eu não goste mais de escrever. Gosto, mas perdi a mão, sabe comé? Perdi a mão, perdi a graça e perdi o saco também de ouvir ~ nossa mas você não deveria ter escrito isso~ e eu ter que responder ~o blog é meu e vá pro inferno você~ ( mentira, nunca respondi isso. Só mentalmente). Enfim, essa é uma meta que coloquei em minha vida em janeiro de 2014 e decidi por em prática hoje. Sim, você leu certo: janeiro de 2014. Demorei todo esse tempo por que de lá pra cá muita água passou por deabaixo da minha ponte como por exemplo, aprender a lidar com uma depressão grudenta ali, uma doença do pânico acolá, adquirir a coragem necessária pra usar uma panela de pressão e descobrir que me comunico com gente morta, enfim, esses entraves corriqueiros que tomam bastante do tempo da gente.
Entonces, neste espaço que vos fala serão postados textos sobre: aventuras nas montanhas, lista de supermercado, organização de gavetas, receita de arroz doce, relacionamentos amorosos, barriga flácida, transtornos mentais, Paulo Coelho, Clarice Lispector e Arnaldo Jabor, sexo tântrico, danças circulares, empreendedorismo, câimbra durante o coito, resumo da novela, listagem de desenhos animados, depressão pós parto, dicas pra se lembrar de retirar o OB, jardim secreto como fuga da vida, comer chocolate escondida do filho, privacidade no banheiro, gases em lugares públicos, culpas, Freud, Jung e o Capiroto. Ou seja, tudo que engloba o tema ser mãe e ser humana ao mesmo tempo.
Mas jout jout*, você não tem medo de se expor? Sim tenho. Então por que se exporará? Porque oras, pra que serve uma vida cheia de pedregulhos se não podemos compartilhar das nossas cagadas com quem também caga?
A vida, minha gente, é esse eterno vedar de janelas com cola Pritt, nada é definitivo, nem minhas opiniões e nem este blog, e to aqui pra dizer que apesar de meu facebook e instagram insistirem que minha vida é perfeita (?) saibam vocês que eu mais erro do que acerto, eu mais choro do que rio, eu mais me descabelo que cabélo, eu mais tento do que consigo, exatamente assim como vocês, kridos.
Bem vindos ao caos.
#nofilter


*Pra quem não conhece, Jout Jout é uma figuraça que tem um canal no youtube e não, este não é um post patrocinado por ela. Citei seu nome porque ela é uma figuraça e sou fã dela.